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Writer's pictureMariana Del Bosco

VOCÊ JÁ OUVIU FALAR NA TOXICIDADE DA CARAMBOLA?

A carambola (Averrhoa carambola L.) é uma planta pertencente à família Oxalidaceae, é originária da Ásia e  foi trazida ao Brasil por volta de 1800. A fruta adaptou-se bem ao nosso solo e clima, especialmente em regiões mais quentes. Sua safra acontece entre julho e setembro.

A carambola é um fruto atrativo pelo seu formato de estrela e pela polpa amarela de tonalidade intensa. É  uma fruta climatérica, que pode ser colhida verde e amadurece fora do pé.  Ao amadurecer, a cor verde vai dando lugar ao amarelo e o sabor doce vai se intensificando.

A carambola é consumida como fruta fresca, mas a polpa também é utilizada para preparar geleias, molhos, compotas e picles. Essa fruta pode ser enquadrada na categoria de alimentos funcionais / nutracêuticos, que são aqueles que possuem compostos químicos importantes à saúde humana.

Composição Centesimal da Carambola:Água87%Calorias46gProteinas0,9gLipideos0,2gCarboidratos11,5gFibras2g

Fonte: Taco

A cor amarela intensa da carambola indica a presença de compostos fitoquímicos com propriedades antioxidantes, que estão relacionadas com o combate do envelhecimento celular e a prevenção de doenças.

Em um estudo do Ceará, pesquisadores apontaram que a Carambola no Brasil tem alto teor de vitamina C, carotenóides e compostos fenólicos.

Entretanto, a carambola pode ter um efeito NEUROTÓXICO em pacientes com doenças renais, por isso, nesses casos, seu consumo é contraindicado.

Mecanismo de ação:

Em indivíduos sem problemas renais, a toxina presente na carambola é absorvida, distribuída e excretada pelos rins, sem comprometimentos ao organismo. Já em pacientes com doença renal, a toxina não é devidamente excretada, ocorrendo elevação de seus níveis séricos, o que permitiria sua passagem pelo cérebro  e consequente ação sobre o sistema nervoso central.

Histórico de publicações: 

Na década de 90, a carambola foi oferecida inadvertidamente a um grupo de pacientes fazendo diálise e, os que consumiram antes da diálise tiveram uma forte crise de soluço. Apenas a hemodiálise foi capaz de reverter as manifestações clínicas, desta forma, os autores sugeriram que na carambola deveria existir alguma substância de excreção renal, responsável pelos sintomas. Esse paper de Bauru foi o primeiro relato clínico das manifestações tóxicas da carambola.

 (Martin LC, Caramori JST, Barretti P, Soares VA. Soluço intratável desencadeado por ingestão de carambola em portadores de insuficiência renal crônica. J Bras Nefrol 1993;15:92-4.)

Somente em 2013 foi consolidada a hipótese dos efeitos neurotóxicos da carambola. Um grupo de pesquisadores  de Ribeirao Preto descreveu o conjunto de 32 pacientes dialisados com intoxicação pela carambola, mostrando o espectro de manifestações clínicas, com maior frequência para soluços e vômitos, acrescendo-se alguns poucos casos mais graves com convulsão e três casos de óbito.  Recentemente, o mesmo grupo fez uma publicação elucidando os mecanismos da neurotoxicidade da carambola por conta da toxina chamada CARAMBOXINA.

(Barretti, Pasqual. Intoxicação por carambola em pacientes com doença renal crônica: da primeira descrição clínica à caramboxina. J. Bras. Nefrol., Dez 2015, vol.37, no.4, p.429-430.)

Em uma revisão sistemática, pesquisadores da Universidade de Juiz de Fora avaliaram os efeitos da ingestão de carambola em doentes renais crônicos. Dos 110 pacientes dos estudos, 75,45%  (n = 83) sobreviveram e 24,55% (n = 27) foram a óbito após apresentarem manifestações clínicas após o consumo de carambola.  Soluço e a confusão mental os sintomas mais relatados. Três dos artigos de revisão relataram casos de pessoas (n = 7) com função renal normal que apresentaram sintomas de intoxicação após o consumo da carambola. De acordo com os autores, a quantidade de carambola ingerida por pessoa variou, sendo que a maior quantidade foi 15 frutas in natura e a menor quantidade foi 300 mL de suco.

(Oliveira ESM, Aguiar AS. Why eating star fruit is prohibited for patients with chronic kidney disease? J Bras Nefrol 2015; 37:241-247.)

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