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Writer's pictureMariana Del Bosco

COMER COM ATENÇÃO PLENA (MINDFUL EATING) E OBESIDADE

Talvez você já tenha ouvido falar sobre esse assunto que vem aparecendo cada vez mais nas mídias sociais.

Já falei aqui sobre como o comportamento alimentar é importante na hora de comer. E neste post aqui, vocês já ficaram sabendo que não comemos somente por fome, mas também por prazer. Além disso, já escrevi aqui sobre a existência de evidências de que pessoas que têm obesidade apresentam respostas diferentes aos alimentos comparados com pessoas com peso normal. Através de um exame que é a ressonância magnética funcional do cérebro é possível observar essas diferenças.

Para que você entenda o que isso tem a ver com a atenção plena, vamos entender primeiro o que é atenção plena! Ela é descrita como um estado da mente que utiliza como princípios o não julgamento, a paciência, a confiança em si e nos próprios sentimentos, ter mente de principiante, não se esforçar demais para atingir resultados e aceitar as coisas como elas são no presente, mas com abertura e curiosidade não crítica frente às experiências. Para se desenvolver a atenção plena, alguns exercícios devem ser praticados com o objetivo de que as pessoas desenvolvam respostas mais flexíveis a diversas situações do dia-a-dia. Há mais de 30 anos esta abordagem é utilizada no tratamento de diversas doenças como dor crônica, ansiedade, estresse, diabetes, fibromialgia, entre outras.

A partir da atenção plena, foi desenvolvido um outro programa com foco no transtorno da compulsão alimentar periódica (TCA) com o objetivo de trazer a consciência de sensações físicas de fome e saciedade, proporcionar prazer com quantidades pequenas de alimentos e identificar gatilhos que levam a comer e a fazer as escolhas alimentares, além de desenvolver maneiras saudáveis de lidar com os sentimentos. No programa são praticados alguns dos exercícios de atenção plena aliados a outros envolvendo a alimentação. O foco do programa é a mudança do comportamento alimentar, porém, muitos estudos atuais têm avaliado também se o método auxilia na perda de peso. Mesmo quando existe algum tipo de orientação nutricional associada ao programa, os resultados ainda se mostram discordantes.

Por outro lado, estudos recentes que utilizam meditação e exercícios de atenção plena têm mostrado que o método traz modificações em regiões no cérebro envolvidas na tomada de decisões e no sistema de recompensa (se você não se lembra o que é o sistema de recompensa, leia aqui).

Portanto, apesar de muitas limitações nos estudos, a atenção plena e o comer com atenção plena mostram indícios de que possam trazer benefícios ao tratamento da obesidade. Contudo, para provar sua eficácia, ainda são necessários estudos que tenham foco em perda de peso e avaliem os resultados comparados a um grupo controle, em longo prazo, com uma amostra populacional maior.

REFERÊNCIAS         

Demarzo M, Campayo JG. Manual prático mindfulness: curiosidade e aceitação. São Paulo: Palas Athena; 2015.

Fox KC, Dixon ML, Nijeboer S, Girn M, Floman JL, Lifshitz M, Ellamil M, Sedlmeier P, Christoff K. Neurosci Biobehav Rev. 2016 Jun;65:208-28.

Hall KD, Hammond RA, Rahmandad H. Dynamic interplay among homeostatic, hedonic, and cognitive feedback circuits regulating body weight. Am J Public Health. 2014;104(7):1169-75.

De Silva A, Salem V, Matthews PM, Dhillo WS. The use of functional MRI to study appetite control in the CNS. Exp Diabetes Res. 2012;2012:764017.

Ives-Deliperi VL, Solms M, Meintjes EM. The neural substrates of mindfulness: an fMRI investigation. Soc Neurosci. 2011;6(3):231-42.

Kabat-Zinn J. Full catastrophe living. New York: Dell Publishing; 1990.

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